Nesse AMOUR (2012) o diretor nos conta a história de um casal de idosos de 80 anos de idade, músicos aposentados e que tem aparentemente uma harmonia tocante, começam a passar por dificuldades depois que a mulher sofre de um problema que lhe paralisa o lado direito de seu corpo, se tornando bastante dependente de seu marido, o que vai por a prova essa relação de longos anos de duração.
O filme tem um ar de contemplação por parte de Haneke, que nos mostra um amor que parece não ter limites. O tempo todo nos perguntamos que faríamos em uma situação parecida, ao vermos a pessoa amada a cada dia que passa, se mergulhar em uma agonia sem fim, perdendo mais e mais suas capacidades locomotoras, cognitivas e até mesmo de fala.
O diretor consegue, mostrar as justificativas para todas as atitudes de seus personagens, o que faz com que por mais chocante e incômodas sejam as cenas que nos são apresentadas, elas tem um por quê de terem acontecido e se tornam explicadas, mesmo que não concordemos com isso.
O filme tem um andamento muito lento, mas não haveria de ser diferente, e apesar de tratar de um tema como o amor, possui a sua cota de violência, mas de uma violência diferente da que conseguimos nomear. Uma violência que a própria idade nos inflige, roubando toda a nossa saúde e nos condenando a todo tipo de tortura através de uma sub vida.
Ao mesmo tempo, conseguimos compartilhar o tormento que é infligido aos seus protagonistas que vêm em seu parceiro, a perda não só física, como também, da história que os dois compartilharam durante suas vidas, pois algumas recordações que temos, são compartilhadas com a pessoa que viveu esses momentos juntamente conosco, tornando a obra bem mais complexa e ampla do que uma simples visitação visual poderia nos proporcionar, somente com a reflexão que o filme nos causa, é que podemos realmente refletir sobre essa situação que é imposta para qualquer pessoa, independente de sua classe social ou recursos adquiridos durante a vida frente a morte, algo inevitável e inerente a todos nós.
Essas reflexões, tornam o tamanho da obra bem maior, até mesmo sua trilha sonora e sons, vazios, fazem com que propositalmente tenhamos que refletir sobre nossas vidas e sobre as trajetórias que temos pela frente.
O filme foi o vencedor da Palma de Ouro em Cannes, além de faturar mais uma série de prêmios por festivais do mundo todo.
Minha Nota: 7.6
IMDB: 8.1
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